O objetivo de
FOUCAULT, em Vigiar e Punir, é descrever a história do poder de punir
como história da prisão, cuja instituição muda o estilo penal do suplício
do corpo da época medieval (roda, fogueira, etc.) para a utilização do
tempo na carceragem do capitalismo moderno. O suplício era um ritual
público de dominação pelo terror: o objeto da pena criminal é o corpo do
condenado, mas o objetivo da pena criminal é a massa do povo, convocado
para testemunhar a vitória do soberano sobre o
criminoso,
o rebelde que ousou desafiar o poder. No estudo da prisão, a originalidade de
FOUCAULT consiste em pesquisar os efeitos da prisão como tática
política de dominação orientada pelo saber científico que
define a moderna tecnologia do poder de punir. Desse ponto de vista, o
sistema punitivo seria um garantidor do sistema de produção da vida
material, cujas práticas punitivas visam criar a docilidade e utilidade dos
corpos. Na linguagem de Vigiar e Punir, as relações de saber e de
controle do sistema punitivo constituem a microfísica do poder, a estratégia
das classes dominantes para produzir a alma como prisão do corpo do
condenado – a forma acabada da ideologia de submissão de todos os vigiados,
corrigidos e utilizados na produção material das sociedades modernas. Nesse
contexto, o binômio poder/saber aparece em relação de constituição
recíproca: o poder produz o saber que legitima e reproduz o poder.
(Trechos extraídos do texto: 30 anos de vigiar e punir, de Juarez Cirino dos
Santos).
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