"Neste texto de 1961, Goffman
analisa o mundo das instituições totais, sejam elas de caráter clínico,
prisional ou conventual. O autor centra-se, essencialmente, no caráter de
fechamento destas instituições, criando-se, dessa forma, uma barreira entre
interior e exterior. No interior das instituições habitam não apenas as equipes
dirigentes, mas também os internados, os prisioneiros, os que optam por uma
vida solitária. Na passagem de uma vida no exterior para uma vida de
confinamento espacial e social, o indivíduo passa por processos de modificação.
Em qualquer dos casos, seja a institucionalização forçada ou por sua
iniciativa, inicia-se um processo de mortificação do eu pelas concessões de
adaptação às novas regras institucionais. O indivíduo é jogado entre a sua
personalidade real e a personalidade que para si se produz, não só pela equipe
dirigente como por toda a sociedade. Goffman analisa ainda a questão do tempo
vivido no interior da instituição, nomeadamente a organização do tempo dos
internados ou prisioneiros, segundo atividades programadas milimetricamente,
cuja função, para além de disciplinar os sujeitos, os inibe em termos de
desenvolvimento pessoal."
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