sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vigiar e Punir: história da violência nas prisões


O objetivo de FOUCAULT, em Vigiar e Punir, é descrever a história do poder de punir como história da prisão, cuja instituição muda o estilo penal do suplício do corpo da época medieval (roda, fogueira, etc.) para a utilização do tempo na carceragem do capitalismo moderno. O suplício era um ritual público de dominação pelo terror: o objeto da pena criminal é o corpo do condenado, mas o objetivo da pena criminal é a massa do povo, convocado para testemunhar a vitória do soberano sobre o
criminoso, o rebelde que ousou desafiar o poder. No estudo da prisão, a originalidade de FOUCAULT consiste em pesquisar os efeitos da prisão como tática política de dominação orientada pelo saber científico que define a moderna tecnologia do poder de punir. Desse ponto de vista, o sistema punitivo seria um garantidor do sistema de produção da vida material, cujas práticas punitivas visam criar a docilidade e utilidade dos corpos. Na linguagem de Vigiar e Punir, as relações de saber e de controle do sistema punitivo constituem a microfísica do poder, a estratégia das classes dominantes para produzir a alma como prisão do corpo do condenado – a forma acabada da ideologia de submissão de todos os vigiados, corrigidos e utilizados na produção material das sociedades modernas. Nesse contexto, o binômio poder/saber aparece em relação de constituição recíproca: o poder produz o saber que legitima e reproduz o poder. (Trechos extraídos do texto: 30 anos de vigiar e punir, de Juarez Cirino dos Santos).

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