"É obsceno e uma
covardia sem tamanho jogar nos ombros de crianças desassistidas o ônus do
fracasso dos gestores do país. Os inimigos do Brasil não estão nas contenções
das madrugadas frias segurando sacolas de supermercados repletas de
eppendorfs. Não somos a vergonha e a
latrina da América Latina porque crianças sem infância, que na maioria das
vezes tiveram os pais mortos ou presos, passaram a vender as substâncias
entorpecentes que os boyzinhos gostam de consumir nos banheiros das
universidades ou em suas baladas marítimas.
Esses meninos e meninas, os quais receberam do descaso da sociedade e do poder público uma AK 47 não desfalcam os
cofres da União; não aprovam obras faraônicas sem licitações com o propósito de
reembolsar financiadores de campanhas eleitorais fraudulentas; não desviam as
verbas que deveriam ser destinadas à construção e o melhoramento de hospitais,
creches, escolas, bibliotecas, frentes de trabalho; não aceitam sediar grandes
eventos esportivos para usá-los como balcões de negócios de grupos dominantes;
não injetam os recursos obtidos com a cobrança abusiva de impostos em obras
particulares de clubes de futebol, muito menos legislam as leis que favorecem
os monstros que enriquecem enquanto as pessoas sem expressividade e importância
política definham nas pocilgas dos SUS, em filas de espera por aposentadorias,
em empregos informais, em depósitos prisionais de seres humanos, nos colchões
fétidos de albergues ou no relento patrocinado pelo déficit de moradias... Em
síntese, não são os que gritam: vai do preto ou do branco, com o intuito de
comprarem um X salada na lanchonete, um cd de RAP ou no máximo uma Honda Biz que geram a concentração de renda, terras e oportunidades, que configura como a
pedra fundamental da ruína brasileira.
Os que descarregam armas de uso restrito
do exército, vendidas pelos cidadãos acima de qualquer suspeita, não tem
nenhuma responsabilidade sobre a Guerra Não Declarada nacional. Sem sombra de
dúvidas, os objetos do empenho assassino dos barões da política, das forças
armadas, da polícia, dos órgãos de comunicação, dos abastados racistas e
preconceituosos e dos emburrecidos pela onda contagiante de asneiras, são as
vítimas do sistema. Os que aparecem nos telejornais sensacionalistas sendo
forçados a olharem para as câmeras das emissoras de televisão não seriam
capazes de assinar autorizações para a eliminação sistemática das famílias empurradas
para os pontos geográficos desvalorizados. Os prisioneiros que são colocados em
frente aos holofotes não dispõe se quer de condições estruturais para obterem
somas vultuosas com a desordem, o desregramento e as carnificinas diárias. Vivo no submundo desde o dia em que eu nasci e nunca conheci alguém que se tornou
milionário fazendo uso de fuzis. Já vi um ou outro que deu um estouro mediano,
suficiente para comprar uma casa ou um carro e gastou tudo com advogados ou com
o seu próprio funeral.
Igualmente ao playboy também sou taxativo: se alguém
deve morrer, para que a criminalidade diminua e a discrepância abismal entre
ricos e pobres seja atenuada, esse alguém não mora nas ruas de terra dos
bairros esquecidos. Se matar culpados é a saída para a reversão do repugnante
quadro social brasileiro, os que deveriam lotar as gavetas frigoríficas dos
necrotérios são os que habitam o topo da pirâmide. Eles são o grande mal! Eles
são os verdadeiros inimigos do país.
A condição inaceitável de terceiro mundo
para uma das maiores economias do planeta é obra exclusiva dos opressores
genocidas. É duro ver as crianças que, para exercerem o direito ao lazer, brincam nas margens de córregos com água contaminada ou invadem playgrounds de
escolas públicas, cumprindo sentenças condenatórias irrecorríveis no lugar dos
bandidos autênticos. Esse é um outro ponto que merece destaque: até mesmo nas
culturas mais primitivas, normalmente, os condenados mandados para as forcas
eram culpados legítimos.
Os hipócritas, ao reivindicarem a pena de morte
oficial como antídoto para a redução das taxas de violência, bem mais do que
dar vasão aos seus instintos psicóticos, procuram isentar a sua extirpe com a
venda da inversão de valores. Durante o tempo em que o coletivo popular
acreditar que o cancro da terra da alegria é a favela e não a ação do burguês
favelizador, as empresas dos neo-escravocratas operarão no azul."
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“Neste capítulo expressei a minha opinião sobre o quão ridículo é se discutir a
pena de morte em um país que extermina sistematicamente criminosos, suspeitos e
inocentes. É um absurdo, não só pelo fracasso reconhecido desse dispositivo em
todas as nações que o adotaram ou pela letalidade estatal já expressiva, mas
também, porque as taxas de crimes hediondos são produzidas pelo próprio Estado.
Que moral a burguesia brasileira tem para levar um homem à cadeira elétrica ou à injeção letal quando a mesma é responsável exclusiva por sua delinqüência?
Nenhuma. Só morrem 50 mil pessoas por ano no Brasil porque o Estado colabora
sensivelmente para o derramamento desse sangue. Qualquer diligência no morro, daquelas que até bebê de colo morto ganha a classificação de chefe do tráfico
na imprensa, produz mais finados do que a aplicação da pena de morte nos Estados
Unidos durante uma década. Está escrito no capítulo e volto a frisar: matar não
é a saída para a diminuição dos índices de violência, e sim, justiça social e
educação transformadora. Porém, se a morte de algumas pessoas for a solução
para a pacificação, quem deve morrer são os capitalistas parasitas e não os
moleques de bermudas e chinelos coagidos pela precariedade de suas existências
a manusearem fuzis AR-15.”
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Trechos extraídos do capítulo: Pena Capital do livro a ser lançado por Eduardo, vocalista e compositor do grupo de RAP Facção Central de São Paulo, com previsão para 2012"
Fonte: Eduardo: um líder da periferia. (Entrevista). Revista Rap Nacional, nº1, Out/2011. p. 28-41. Distribuição: Portal Rap Nacional
Esse mano é cabulosamente articulado e munido de uma visão aliada a capacidade de se expressar q poucos têm. Líder nato, num joga conversa fora.
ResponderExcluirIsso mesmo Eduardo, sua missão é de grande valia, luto a minha maneira, na medida q o bang permite.
Aki a sua voz jamais se calará, é nóis!
Muito bom Eduardo.
ResponderExcluirQuando não houver mais marionetes, a brincadeira perderá a graça!
vai ser muito louco esse livro mano é isso ai.
ResponderExcluiro rep tava precisado disso pra fatalecer mas ainda.vao com tudo eduardo....
Parabéns Eduardo! Aqui fica o meu voto de reconhecimento por esse excelente trabalho que você tem feito. Implantado a verdade na cabeça do cidadão brasileiro através da música e do bom conteúdo.
ResponderExcluirEduardo Para min você é o Karl Marx Brasileiro, Uma visa da sociedade um Filosofo e sociólogo Muito a sua obra mano Vlw.... é nois
ResponderExcluirEduardo você merece os parabens,pois mais uma vez esta quebrando uma barreira invisivel criada pela elite dominante(banqueiros,donos de tv e radios e jornais e politicos carniceiros) onde a informação antes passada era somente o que eles disponham para nós (o povo) pelos livros jornais televisao radio internet escolas,que impondo que aceitamos calados sem direito de raciocinio e resposta, que esse seja o primeiro de muitos livros que você ira escrever,e que sirva de exemplo e inspiração para outros rappers do cenario nacional tambem escreverem e a todos que poderem ler, pois o conhecimento é a luz da mente , e ela só vem através de estudos, leitura , sei que é dificil mais não é impossivel criar uma sociedade igualitaria , mas para que isso ocorra sera nescessario união .VIVA O RAP NACIONAL PAZ A TODOS
ResponderExcluirsem palavras o maior lider defendendo a favela ate o fim ai fica mas um grande reconhecimento da sua existência contra o mencanismo opresor, por esta afrente dessa grande batalha que nos levara a a grande vitoria da favela,que temos sim um grande raciocinio para impor nossos diretos como memnos favoravel e isso ai estamos no caminho certo se estivemos ao lado do gênio da periferia Eduardo ...
ResponderExcluirO maior letrista do Rap Nacional. Parabéns, Eduardo! Aqui quem fala é um ouvinte assíduo do Facção Central, grupo que me inspira em tudo que faço, que me fez enxergar a realidade.
ResponderExcluirSei que esta página não será acessada por você, Eduardo Taddeo, mas gostaria de registrar o quanto a sua postura (não cedendo às facilidades ignóbeis com que grandes rappers se venderam, e traíram o movimento, para ser justo, grandes faladores...) e as suas composições têm sido fundamentais em minha vida.
ResponderExcluirSou mais um dos oprimidos pelo sistema, mas não me rendi nas dificuldades. Hoje sou estudante numa grande universidade federal, ingressando em direito...
Posso ter vários inspirações intelectuais até aqui, mas foi sempre no rap que encontrei meu lugar, minha identificação.
Você, sem dúvida, é o maior exemplo da "velha guarda", um baita pensador, inteligetíssimo... Ansioso demais pelo lançamento do livro e dos próximos álbuns. Facção Central, SEMPRE!!!
Eu escuto Facção Central desde seu primeiro trabalho. O que acabo de ler possui um conteúdo extremamente REVOLUCIONÁRIO e de grande valia para a sociedade brasileira em geral. Parabéns...
ResponderExcluirMuito bom o serviço prestado pelos donos do Blog. Compartilhei onde pude esse trecho, É isso ai, aguenta essa SISTEMA !
ResponderExcluirFoda vélho, esta a procura desse trecho obrigado por postar
ResponderExcluirsou português mas para mim facção central é o melhor grupo de rap do mundo, eduardo o melhor raper e compositor, espero que o livro chegue as bibliotecas em portugal, ansioso, paz
ResponderExcluirsou português mas para mim facçao central é o melhor grupo de rap do mundo, eduardo o melhor raper e compositor, espero que o livro chegue ás bibliotecas em portugal, parabens e continua, paz
ResponderExcluirEsse Livro vaai ser o melhor Eduardo Parabéns pelo seu trabalho , ai sim é ha verdadeira realidadee , oque o sistema quer é ver todo mundo calado , mais o Rap ta mudando tudo isso , teem que soltar ha voz mesmoo , muitos dizem que o Facção central é Rap de revoltado , não não isso é mintira eles São o melhor grupo de rap na minha opnião oque fala ha realidade do di-a-dia daa favela , oque todos sofren na mão do sistema é isso Eduardo o melhor !
ResponderExcluirParabéns Eduardo, Precisamos que a sociedade abra mais as portas para o Rap e quem sabe assim, o povo abre os olhos para enxergar quem são os verdadeiros bandidos.
ResponderExcluirE como vc mesmo frisa O discurso é violento porque a realidade é violenta.
Abraço
Quem tem a mínima noção do cenário político põe a toca preta e ensina as letras do Eduardo pro filho. Quero ver sensurar o livro... Eduardo, líder nato...
ResponderExcluirNandinho MG
Eduardo monstro , reencarnação de Karl marx , verssão BR!
ResponderExcluirQuantos rapper's gringos escreveram livros? Não lembro de nenhum! Rap Nacional também é cultura literária!
ResponderExcluirVou comprar esse livro assim que tiver dinheiro.
ResponderExcluirisso mesmo eduardo concordo plenamente que a burguesia e o sistema capitalista, sao os grandes responsaveis pelo mal que assola a humanidade, sao eles que financiam o terror.
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